20.10.03

um domingo de sol em família
cenário: final de semana vêneto. almoço de domingo num restaurante nas montanhas. início de inverno. frio agradável. restaurante família, sabe como é? vovós e vovôs sentados na mesa esperando a sobremesa, maes carregando bebês que choram, cachorros, gatos, comida farta, pais fumando charuto e, claro, sempre, crianças botando moedinhas nas maquinetas que "presenteiam" aquelas bolinhas que pulam-pulam-pulam ou aquelas bolhas transparentes com uma espécie de surpresa-lixo dentro.
a moedinha sempre, via de regra, entalam. e a bolha com a surpresinha nao cai. crianças a beira do choro chamam o "tio do estabelecimento" para "consertar" a máquina. o tio, um senhor "graúdo", barrigudo, de cabelos brancos, sorridente, com um cigarro no canto da boca e um avental que um dia foi branco sobre a roupa se aproxima da máquina para resolver o problema.
tenta apertar o botao uma vez.
tenta duas vezes.
tenta com mais agressividade uma terceira vez.
dá uma porrada sutil na "máquina"
dá uma porrada menos sutil da máquina.
VIRA A MAQUINETA DE PONTA-CABEçA - e nesse momento a gurizada já está se divertindo tanto com a brincadeira, que o "tio do estabelecimento" virou a "surpresinha" da bolha! eles já nem lembram que dali tem que sair uma bolha. virar a maquineta de ponta-cabeça enquanto os pais fumam charuto e as maes cuidam dos irmaos mais novos é a maior diversao!
e nada. a máquina nem "acorda".
tio do estabelecimento fala, sem perder o bom humor que nunca teve: "agora nóis vai vê. ô vai, ô quebremo tudo!" cai a cinza do cigarro do tio, ele nem se dá conta, e ele aperta suavemente o botao de novo.
infelizmente, para decepçao da criançada e minha, a máquina cuspe uma bolota transparente com qualquer bobagem sem graça dentro.
tica volta à sua sobremesa.
crianças saem desoladas, com a bolota transparente na mao e picando sem parar mil bolinhas de borracha que pulam-pulam-pulam.

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