30.7.04

partire viaggiare viaggiare partire, partire viaggiare
(e non fermarsi mai)

não teremos férias, mas nesta sexta-feira não estamos mais suportando bx. colocamos duas mudas de roupas na mochila, completamos o tanque do carro e estamos em direção a não sabemos bem onde, entre o sul e o norte da frança.
prometo voltar com o porta-malas carregado de vinhos e champagnes.
querem passar aí semana que vem para uma jantinha?

Jovanotti diz assim, e eu adoro:
Viaggiare sentirsi Marco Polo sentirsi molto solo
qualche volta sopra un treno
dentro uno scompartimento pieno di facce che non sai che non saprai
confini di solitudini che non cadranno mai, che tu non rivedrai mai
scambiare quattro chiacchiere in lingue che non sai
comunicare con un semplice sorriso o con un gesto solo
scoprirsi Marco Polo e non sentirsi solo tra gli umani
stringere milioni di mani in ogni posto
agosto dopo agosto dopo agosto dopo agosto...

29.7.04

a cidade não pára a cidade só cresce
eu adoro a instituição cidade. sempre com os seus mil mundos diversos dentro de um cinturão de edifícios, circulada de auto-estradas e trilhos. a cidade tem um quê de humana, com circulação, veias e coração. e talvez por isso uma tenha sempre coisas idênticas às outras. adoro os loucos das cidades, por exemplo, acho que eles têm loucuras que refletem algum traço comportamental do lugar. até porque a cultura urbana costuma ser extremamente arraigada, acho até que mais que a cultura nacional. mas isso é matéria para outro post. e tenho preferência e atenção pelas "soluções". cada cidade tem seus problemas e, exatamente por serem diferentes, cada uma tem as suas "soluções". aqui em bruxelas, por exemplo, a minha solução preferida é o lixo. aqui tem dias certos para se botar o lixo na rua, mas mais do que isso, têm também sacos certos. lixo de plástico ou vidro, saco azul. papel, amarelo. lixo de jardim, saco verde, e lixo que não entra nesses três sacos, saco branco. é tão complexo (e é exigido por lei), que volta e meia eu fico parada na frente dos mil sacos sem saber o que fazer com o saquinho que envolve o alface. quando eu e o piero discordamos sobre o devido fim, digo, saco, a ser dado a um produto, aí sim, duas horas de discussão. além disso, só podemos colocar essa porcalhada colorida na rua nas terças e sextas-feiras, quando passa o caminhão e recolhe. se coloca em algum outro dia, corre o risco de ter que pagar multa. os fiscais reviram o lixo até acharem um envelope ou etiqueta com o nome do proprietário, daí depois de uns dias a multa chega na casa do pobre coitado desavisado.
é estranho e complexo, mas o mais estranho é que funciona.

28.7.04

Receita de bolo de laranja

1 laranja inteira com a casca e sem as sementes
4 ovos
1 xícara (chá) de óleo
2 xícaras (chá) de açúcar
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó

Modo de Preparo:
Bata no liquidificador a laranja, os ovos, o óleo e o açúcar. Despeje numa tigela grande e adicione a farinha de trigo e o fermento. Despeje numa fôrma para bolo retangular, untada e enfarinhada, e asse em forno quente, por cerca de 35 minutos. Se quiser, quando retirar do forno, misture 1 xícara (chá) de suco de laranja com a mesma quantidade de açúcar e espalhe sobre o bolo ainda quente.

Só não façam como eu, que esqueci de acrescentar o fermento e agora estou comendo uma espécie de brownie de laranja, shshshhshshshshshsh.

a chave da independência
há um mês eu e o piero vivemos na mesma casa, mas temos apenas uma chave que abre as portas. o drama pior é de manhã, quando ele sai (sempre antes de mim) e tem que descer, abrir a porta do edifício, subir para deixar a chave comigo e sair rápido, antes que um dos vizinhos saia ou entre e passe a chave na porta de novo.
daí há duas semanas mandamos fazer cópias das chaves, mas como elas são daquele tipo todo protegido, que tem código e cartão para se poder copiar, tivemos que esperar duas semanas até que elas ficassem prontas. um saco e uma grana também, essa proteção toda custa caaaara.
só sei que hoje elas ficaram finalmente prontas. e me sinto novamente uma mulher chaveada e independente.
isso é que é gostar das coisas pequenas da vida, credo...

26.7.04

vou roubar (de novo) aquela fórmula mastercard, tá?

* escrivaninha usada, mal pintada, velha e caindo aos pedaços no mercado de móveis usados de waterloo - 30 Euros
* lixas, espátula, pincel, líquido removedor de tinta, bolacha de aço - 10 Euros
* a sua tarde de domingo debruçada sobre o móvel tirando a tinta velha, lixando, limpando, pulindo e lustrando - não tem preço

temos uma nova escrivaninha, pessoal. ontem era preta. hoje amanheceu cor de madeira crua. e o meu bíceps (?) dolorido. curti. presentes de casamento, formatura ou ajuntamento a partir de agora, só no braço!

Altos e Baixos
Por aqui, altos e baixos, mas altos e baixos nesta zona do planeta - chamada MIM - são normais, já nem considero. Que crise existencial, o que? Sabe, né, trabalho e grana são um problema diário para grande parte da população mundial. Faço parte dela, fazer o que?

vamos a la playa
a cidade mais cinzenta e chuvosa da europa, bx, claro, terá 30 dias de praia, contando a partir de ontem. se maomé não vai até a montanha, vai a montanha a maomé. praia com canal, poluído, onde não se pode tomar banho. sem piscina, sem mar. mas tem três barraquinhas brasileiras, e ouvi dizer que tem inclusive guarana antártica para vender! irei.

23.7.04

shit happens (I would include "all the time")
essa semana fiz duas cagadas trabalhando que, juro, deu vontade de largar o jornalismo. só nao abandono a carreira porque as duas cagadas foram técnicas, e nao editoriais. basicamente assisti a duas coletivas "bomba" sobre as negociaçoes mercosul-UE e nao gravei as figurinhas falando, só anotei no bloquinho. faltou bateria na hora H. só que eu trabalho para rádio também. sentiu a pontada no fígado?
menos mal que um almoço oferecido pelos já experimentados colegas clovis rossi, assis moreira e jamil chade salvou o dia. o meu, né? nao o da rádio, infelizmente.
sem querer ensinar o padre a rezar a missa, dei de coroinha.

"No fim das contas, o que tu possui nao é o que te pertence. O que tu possui é o que tá disponível para ti. E quando tu te dá conta disso... Porra, tu tem o mundo." (frase de um amigo meu, Olavo Amaral)

19.7.04

antes que eu perca todos os meus leitores
por excesso de açucar nas minhas frases
deixa eu ser um pouco mais melosa
 
meses atrás, numa noite fria e chuvosa, saí da aula na universidade, peguei o metrô e cheguei na casa do piero toda molhada e com frio. entro na cozinha, e ele havia preparado uma sopinha deliciosa e me esperava com a mesa posta e vinho tinto no cálice. pensei: hummm, eu quero isso para a minha vida.
 
hoje a minha vida é aqui, na casa dele.
(sim, ele cozinhou, limpou a cozinha e ficou me esperando acabar de trabalhar para jantar!)

16.7.04

ler este texto aqui é uma questao de cidadania.
(ai, como eu tô mandona hoje...)
mas, falando sério mesmo, é muito importante lê-lo.
 

15.7.04

a semana passou num piscar de olhos
instalei internet rápida em casa
comprei uma saia
briguei com o piero
(por causada saia, não tenten entender)
fiz as pazes com o piero
fiz comida indiana
ganhei flores
trabalhei um pouquinho
e amanhã já é sexta-feira!

13.7.04

até os erroj do meu porrtuguêij ruim

que coiza.
bizarro?
achou bizarro eu escrever coiza com z?
tu, por exemplo, acha que eu realmente devo largar de mão um cara que escreve "coiza" com z? ele também fala "degrais" e "chapéis".
terei eu perdido os meus critérios?
mas o cara é o maoir xxx que já conheci.


senhoras e senhores, além de escrever coiza com z e chamar degraus de degrais e chapéus de chapéis, o moço em questao tem namorada. namorada essa, que nao é a minha amiga que escreveu esse email genial. agora me digam, meus amigos e minhas amigas, e menina deve ou nao largar o mané de mao, mesmo sendo ele possuidor de um xxx enooorrrme?

12.7.04

semana passada me bateu uma daquelas saudades insuportáveis de casa, da mami, do irmao e do país. da cerveja gelada nos botecos com os amigos. dos dias de sol de inverno. da feira do livro. de um emprego com carteira assinada e décimo terceiro salário.

daí um amigo meu escreveu que a violência anda aumentando em porto alegre (anda aumentando... tsc tsc... há dez anos anda aumentando, sejamos sinceros). e me perguntou quantas fechaduras tem a porta da minha casa? e do meu edifício?

bem, a nao violência diária e cotidiana é a primeira coisa que a gente aprende a gostar estando fora do brasil. e acostuma muito rápido. liberdade, é como ela se chama na verdade. moro no centro, vou à pé, sozinha, de noite ao cinema que fica umas quatro, cinco quadras da minha casa. e o máximo que acontece é ser abordada por um mendigo pedindo esmola. aqui também existe assalto, roubos de carro, vidros quebrados e assassinato, estupro... mas a pergunta era muito coerente: minha casa tem uma fechadura, nao tem guarda nem durante o dia nem durante a noite, as janelas sao de vidro, nao têm grades, e eu durmo tranquila. é estranho. um outro mundo. no brasil minha casa tem três fechaduras, grade e a gente ainda paga um guardinha 24 horas por dia para poder entrar com o carro na garagem sem se preocupar tanto.

dá medo. muito medo viver no brasil. e eventualmente, quando a saudade bate violenta e forte digo para o piero que quero voltar a viver no meu país. às vezes ele responde que tudo bem, mas que tem medo. e eu, envergonhada até a morte respondo que eu também tenho medo. que triste.

eu continuo achando o orkut uma porcaria
mas é muito legal saber que tenho 46 fans!!
ainda mais numa segunda-feira.

AGOSTO
o verao europeu é uma instituiçao tao forte quanto os flanelinhas brasileiros. em roma, madri, lisboa (En París, en Berlín, en cualquier lugar, en cualquier ciudad, En Río, en Bonn, en Constitución...), mas principalmente se tu moras em uma cidade com BX, em agosto, quando TUDO fecha e os turistas TOMAM o lugar, tu tens, és OBRIGADO, a escapar. mas eu ainda nao sei para onde vou. o budget tá permitindo no máximo CHARLEROI, o que representaria fielmente passar as férias em CACHOEIRINHA. tá, agora eu vou parar de usar o caps lock como o cardoso, PROMETO.

segundas impressoes
a melhor coisa de morar junto sao domingos.
a pior, acabar o estoque da geladeira consideravelmente mais rápido.

8.7.04

eu estou descobrindo o michael moore só agora
nao vi tiros em columbine, apesar de ter ficado por meeeeeeses no cinema lá perto de casa e de todo mundo ter dito que era espetacular, nao li o primeiro livro do cara que saiu no brasil (stupid white men), nao vi o discurso dele no oscar porque nao tenho tv e fiquei sabendo que ele venceu em cannes sem maior interesse. ah, legal, tá e daí?
daí que estou lendo o livro contra o bush - hey dude, where's my country? (ou algo assim) - e começo a entender porque eu ouvi tanto o nome desse homem nos últimos meses.

sinceramente, michael moore deve ser um chato de plantao, mas, como todos os chatos da sua espécie, tem uma paciência e olhar crítico sensacional para "pescar" detalhezinhos que nos passaram despercebidos nesse circo pegando fogo que o mundo se transformou desde setembro de 2001. a primeira parte do livro, contendo cada fonte de cada dado citado, é valiosíssima.

que os bush trabalham (sem aspas!) para os bin laden, muitos já sabiam.
que existe uma relaçao pessoal e afetiva entre a familha bush pai, bush filho e a família real saudita, muitos já falaram.
mas acho que quase todos nós pulamos as páginas do new york times ou da revista new yorker sobre a "fuga" administrada pela casa branca (eu disse CASA BRANCA) dos 124 membros da família bin laden que viviam nos eua dias (eu disse DIAS) após os ataques ao wtc. tá entendo, cara pálida?

7.7.04

dia 20, nas bancas, na revista aventura na história, minha matéria fotográfica sobre a batalha de waterloo. recomendo.

6.7.04

metáforas da vida
somos quatro amigas. cada uma muito diferente da outra. mas somos muito, muito amigas há mais de dez anos. uns 12 acho. uma publicitária que trabalha com cinema (1), uma advogada (2), uma jornalista que viaja (3) e uma jornalista que virou editora de livros (4), chiquérrima. e na última vez que estive no brasil estávamos as quatro dentro de um carro. o carro importado, novinho, lavado e lustroso da advogada. cursamos o mesmo colégio, os mesmos cursinhos de línguas, danças, nataçao, blá blá blá. algumas vezes praticamente namoramos os mesmos caras. bebemos mais ou menos a mesma quantidade de birra e usamos praticamente os mesmos alucinógenos nas mesmas épocas. participamos das mesmas festas. elegemos os mesmos políticos. acho que até crescemos no mesmo bairro.
mas só uma de nós hoje dirige um carro importado.
as outras três cursaram fabico.
bem feito. viu no que deu?

5.7.04

sem título.
gosto de nomes fortes. proparoxítonos, de preferência.
verônica. américa. antígona. mônica.
suporto outros curiosos.
betânia. sofía. antônia. maría.
como 99% das pessoas, nasci paroxítona.
carolína.
sempre tive entre três e seis coleguinhas com o mesmo nome que eu em todas as séries escolares, cursos e escolinhas.
e para completar, hoje é segunda-feira.

2.7.04

eu sempre tentei ignorá-lo, mas tem horas que ele explode.
meu lado mulherzinha.
eu ADORO as lides domésticas! ADORO. adoro, por exemplo, tirar as roupas lavadas da máquina e estendê-las no varal, e nao me importo nem um pouquinho assim ó de colocar os pratos depois do jantar na lavadora. até fazer a cama eu gosto.
será que eu devia ficar preocupada?

decidi que torcerei para portugal na final da eurocopa. para ser sincera, apesar de ser doida para conhecer portugal, portugueses nao sao o povo mais simpático do mundo para mim. um tipo de desafeto histórico, acho. mas também nao dá para agradar a gregos e troianos, right?! shshshshhshshshsh. pegou?

1.7.04

primeiras impressoes - fase imediata pós fim de mudança e pré ordem na casa. nao sei se caso ou se... (confusao de títulos, creeedo... aí, relax que eu tô menstruada!)

desde que eu alardeei essa história de ir morar junto com o piero, eu estava morando junto-separada. quer dizer, eu já estava em processo de mudança para a casa dele, mas:
1) ele estava fora de bx
2) eu ainda tinha na bolsa a chave da MINHA casa e ainda na MINHA casa bolsas e mais bolsas carregadas
ontem sim, começamos a falar mais seriamente. agora somos dois na casa DEL... digo, NOSSA. e quando acabei de colocar todas as roupas no armário, fiquei sentada ali, sem saber muito o que pensar. me fez um pouco impressao ver as MINHAS roupas e as roupas DELE unidas. na minha cabeça feita de raciocínios sentimentais, ISSO é casamento, e nao assinaturas, nomenclaturas e documentos. por exemplo, eu nunca quis um marido. o que eu queria era um homem (pra chamar de meu - ui greta!). e me peguei me perguntando... mas e aí? casei? é isso? o que será que as minhas calcinhas e as cuecas dele fazem quando fechamos as portas?

já dormi naquela cama umas 500 vezes, mas depois de colocar todas as roupas no armário pareceu diferente. parece que agora a cama é MINHA, digo, NOSSA. parece que nao preciso mais sentir culpa da preguiça em recolher as minhas coisas pela casa DELE, por deixar um par de meias secando por dois meses no coisinha de pendurar toalhas no banheiro, ou um vestido por duas semanas apoiado em uma cadeira da sala.

e sinceramente, acho que agora que eu finalmente estou morando junto-junto (entreguei a chave da MINHA casa hoje de manha) começo a concordar com o piero que a cama "lá de casa" era melhor.
nao adianta, o gramado do vizinho é SEMPRE mais verde.

e agora, posso comprar a bicicleta?