29.7.04

a cidade não pára a cidade só cresce
eu adoro a instituição cidade. sempre com os seus mil mundos diversos dentro de um cinturão de edifícios, circulada de auto-estradas e trilhos. a cidade tem um quê de humana, com circulação, veias e coração. e talvez por isso uma tenha sempre coisas idênticas às outras. adoro os loucos das cidades, por exemplo, acho que eles têm loucuras que refletem algum traço comportamental do lugar. até porque a cultura urbana costuma ser extremamente arraigada, acho até que mais que a cultura nacional. mas isso é matéria para outro post. e tenho preferência e atenção pelas "soluções". cada cidade tem seus problemas e, exatamente por serem diferentes, cada uma tem as suas "soluções". aqui em bruxelas, por exemplo, a minha solução preferida é o lixo. aqui tem dias certos para se botar o lixo na rua, mas mais do que isso, têm também sacos certos. lixo de plástico ou vidro, saco azul. papel, amarelo. lixo de jardim, saco verde, e lixo que não entra nesses três sacos, saco branco. é tão complexo (e é exigido por lei), que volta e meia eu fico parada na frente dos mil sacos sem saber o que fazer com o saquinho que envolve o alface. quando eu e o piero discordamos sobre o devido fim, digo, saco, a ser dado a um produto, aí sim, duas horas de discussão. além disso, só podemos colocar essa porcalhada colorida na rua nas terças e sextas-feiras, quando passa o caminhão e recolhe. se coloca em algum outro dia, corre o risco de ter que pagar multa. os fiscais reviram o lixo até acharem um envelope ou etiqueta com o nome do proprietário, daí depois de uns dias a multa chega na casa do pobre coitado desavisado.
é estranho e complexo, mas o mais estranho é que funciona.

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