27.11.06

Amar é...

Duas amigas minhas que fazem parte daquele seleto grupo que todas as mulheres têm chamado "melhores amigas" passaram por uma situação muita parecida nos últimos dias. Elas começaram a sair com um cara por quem elas não estavam apaixonadas. Numa tentativa de se divertir e vamos ver no que isso vai dar, elas aceitaram ao convite desses homens. Saíram. Se divertiram até mais do que inicialmente pensaram, começaram a sair regularmente com eles. Uma delas chegou inclusive a começar a ir para o trabalho com a camisola e uma calcinha extra na bolsa porque seguidamente acabava dormindo na casa dele.
Um início de namoro, eu penso. E elas também.
Uma ou duas semanas depois, porém, os caras desaparecem. Mudam de ideia. Somem.
Mas antes disso deixam claro para elas: o problema é eles, não elas. Ele ficou confuso, não é bem isso que ele quer, blá blá blá.
Chato isso. Acontece, claro. Mas quando tu não tem mais 18 ou 20 anos, depois de sair algumas vezes com uma pessoa, dormir e acordar com ela, se tu não for um celenterado, tu te dá conta de que a pessoa está embarcando nessa história bem mais do que tu. Então, exatamente por não ser um celenterado e nem um babaca, tu dá a real ou pára de convidá-la para ficar durante a noite ou simplesmente resolve os teus problemas no divã de um psicanalista.
Porque não faz sentido passar vários dias dormindo e acordando com uma pessoa e achando que tu achou o amor da tua vida e logo depois mudar de idéia... Ninguém acha e perde o amor da sua vida em uma semana. Amor da vida leva tempo para ser achado. Mesmo quando é amor fulminante, a gente se apaixona, delira, mas continua com o pé atrás ainda por um tempo até ter certeza que realmente bateu de verdade.
Então por que a gente simplesmente não vai mais devagar antes de errar na matemática e se entregar mais do que devia, ou antes de conquistar mais do que efetivamente queria?
Isso parece impossível atualmente. Exceção válida apenas para casais de quarenta ou cinquenta anos. Quando os dois membros do casal têm essa idade, claramente.
A gente tem tanta opção para tudo atualmente que ser solteiro ou solteira em qualquer idade virou uma coisa natural. Isso é ótimo. Mas o apelo comercial, social e cultural aos solteiros é tanto que parece cada vez mais difícil aceitar que amar e ficar com alguém (de verdade, "para sempre") começa a significar mais abrir mão de outras coisas que efetivamente amar alguém.
É mais ou menos assim que eu me sentia aos 15 anos. Namorar naquela época não significava somente estar bem com uma pessoa, mas também, e em alguns momentos principalmente (no carnaval...) abrir mão de se divertir com muitas outras.
Namorar, gostar e amar sempre implica em uma escolha, e escolhas necessariamente implicam em se abster de pelo menos alguma coisa, se nao muitas... e no fim das contas nos perguntamos, por que eu devo me abster de uma ou muitas coisas para estar
com alguém se ainda nem sei se esse é o alguém que merece a minha abstinência?
E assim, dia após dia, vamos conhecendo uma porcão de alguéns que merecem a nossa atencão, tempo e fluídos corporais, mas que não merecem necessariamente a nossa
abstinência de outros. Não é mais uma questão de escolher estar com alguém, mas sim uma questão de não querer não estar com todos os outros - uma evidente pré-condicão para um relacionamento como costumávamos conhecer.
Às vezes acho que estamos virando polígamos... ou individualistas... ou sós.

7 comentários:

Jana Jan disse...

Ainda bem que falta pouco pra eu chegar aos 40!
;p

Anônimo disse...

Tica!!! Que surpresa!
Recebi o texto de uma amiga e pelo link pensei "será que é da Tica?" e não é que era?!
Guria, to de volta a terrinha e sei que te devo um email...mas ele virá, prometo ;)
Amei o texto e concordo plenamente...
Beijos!!!!
Kerley

Anônimo disse...

Sós. Acho mais provável. Mas não desanimo!

Anônimo disse...

Tica só agora vi teu comment! Também estou querendo seu e-mail, mas minha familiaridade com essas coisas blogueiras beira a zero... Um horror! meu e-mail iara.strufaldi@tbwa.com.br ou iarastrufaldi@hotmail.com
Me escreve, manda o seu e-mail também. grande beijo da tua prima - Iara

cynthia disse...

pq a gente não vai devagar?
pq somos mulheres... isso já diz tudo.
beijos

Carol disse...

Oi, Tica. Tudo bem?

Sou a irmã da Cássia. E pelo blog dela cheguei no teu...
O caso é que adorei esse teu texto e encaminhei pra uns amigos na época, dentre eles a Kerley. ;)
Hoje fiz um post sobre ele no meu blog. Que é mais um ante-projeto de blog. ;) Pra tu saberes: http://www.cubalight.blogspot.com

Beijo grande,

Carol

Anônimo disse...

Olá!
Eu cheguei aqui pelo blog da Carol, que é irmã da Cássia, e não conheço pessoalmente nenhuma das duas. Conheço a Drica, que linkou o blog da Cássia e eu li e blá blá blá.
O seu texto é lindo e inspirador.
Já assistiu "Íntimo e Pessoal"? É antigo pra chuchu, com aquele bonitão Robert Redford.
Ele é um jornalista de primeira e larga tudo pra ficar perto da mulher que ele ama, que está em outra cidade. Digamos que a carreira dele dá uma reviravolta por causa disso... e em um determinado momento perguntam pra ele se ela vale tudo isso...
...pois é.
abraços de uma paulista, e vou linkar o seu (lindo e inspirador) blog, se não te importar.
Melissa