10.3.04

enxaqueca
ontem de noite fui dormir bem. acordei hoje com essa porra de enxaqueca.
o ritual é sempre o mesmo, daí. remédio amargo, voltar para a cama, deitar sobre o lado direito do corpo e, por consequência, sobre o lado direito da cabeça, onde a dor, em alguns minutos, se tornará insuportável. tentar dormir rápido, antes que a dor se torne insuportável. antes que o remédio leve seu tempo para fazer efeito. nunca funciona. sempre fico acordada até a dor ficar insuportável e eu ter que levantar cambaleante para ir vomitar o meu estômago vazio. vomitar o nada é sempre uma merda, mas vomitar sempre deixa aquela sensaçao esperançosa dos minutos que se seguem ao vômito, quando parece que a enxaqueca desistiu de te atormentar. é uma ilusao, ela sempre volta, e nao demora muito. mas é a ilusao mais aliviadora da face da terra. e volta-se à rotina. voltar para a cama ou para o sofá, deitar em uma posiçao que parece confortável por uns segundos, fazer um esforço louco para relaxar o corpo e dormir. esquecer a dor insuportável no lado direito do cérebro. eu sempre acho que deveria ir a um hospital enquanto estou no meio da crise. mas só de pensar na dor que seria levantar, me vestir, ligar para alguém, ou para um táxi, aguentar a luz do dia e os barulhos da cidade até chegar ao hospital. nao, melhor continuar em cima do lado direito da cabeça tentando esquecer as artérias e veias dilatadas que pulsam conforme bate o coraçao. como toda a rotina, sempre passa.

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