16.2.05

ninguém mandou...

dia 14 de fevereiro é dia de são valentim, dia dos namorados no mundo inteiro, menos no brasil, que é dia 12 de junho por algum tipo de convenção que eu não sei.
como eu não estou no brasil e não namoro um brasileiro, achei que tinha que reinvidicar os meus direitos. o meu namorado é um cara que não segue muito as convenções, ou que segue só as que tem vontade. isso não inclui chocolates na páscoa, flores no aereoporto ou contas no restaurante. tudo muito moderno. no início, devo confessar, eu até gostava dessa transgressão das regras.
mas ante-ontem não!
sei lá, acordei de pé torto e queria, sim, as minhas flores, os meus chocolates e os meus presentes. ora bolas.
então quando nos encontramos no final do dia para tomar uma cerveja, sentamos na mesa e, depois de um breve comentário sobre como tínhamos passado as horas e o que havíamos comido no almoço (é impressionante como italiano fala de comida sempre!) entrei com toda no meu discurso inflamado:
poxa, piero, será que não dá para pelo menos uma vez tu fazer as coisas como elas normalmente são feitas no mundo? azar que tu chame o dia de hoje de festa dos comerciantes, mas além dos comerciantes é a festa de são valentim, e só por isso ser assim do jeito que é, nós deveríamos lembrar que nos amamos e que hoje é um dia de comprar um presente para o nosso amor. porque tudo bem não seguir as normas chatas e práticas do mundo quase todos os dias, mas de vez em quando, só para quebrar a rotina, a gente podia fazer de conta que não dá bola para essas coisas, a gente podia ser clichê, comprar champagne e rosas vermelhas e ir para o motel, correr no parque, rolar na grama, tirar fotos de pertinho, rir da risada do outro, dizer i love you! ahhh, sabe, eu acho que queria ganhar presente hoje....

e, tsc, tsc, bem, exatamente como vocês devem estar pensando que aconteceu, aconteceu. o mundo às vezes é um clichê medonho, mas dessa vez quem ficou com cara de otária engolindo palavra por palavra do discurso fui eu. o piero tirou de dentro do bolso uma caixinha com uma fitinha de cetim amarradinha e colocou em cima da mesa. ganhei uma pulseira linda, linda, linda, com cordinhas delicadas e pérolas e uma coisinha de fechar a pulseira que eu achei mimosíssima.

e aí, ai, e aí fiquei querendo morrer afogada no copo de cerveja vazio quando me dei conta que quem não tinha comprado um presente ali não era ele, mas era eu. ninguém mandou!