7.4.05

Minha Máquina de Lavar Roupas - a novela

aproveito que o piero tá viajando e vou na loja comprar uma máquina de lavar roupas para a nossa casa nova para fazer uma surpresa quando ele chegar. escolho o modelo, preencho a ficha com o vendedor. pago. eles estregam em casa sem cobrar nada. e instalam.
beleza! pensei.
mas não entregam hoje, nem amanhã. só sábado. piero já terá voltado. bom, paciência. ok.
sábado de manhã acordo com o telefone tocando: senhora cimenti, estou aqui embaixo com a sua lavadora de roupas. eu: pode subir, é no quinto andar. abro a porta e fico esperando.
e nada.
e nada.
e nada.
interfone: olha, senhora cimenti, a máquina não cabe no elevador. tenho que levar pela escada mesmo. mas hoje estou sozinho, e preciso da ajuda de um colega para fazer isso. será que posso voltar na quarta-feira? eu, decepcionada: só se for bem cedo, moço, tenho que sair para trabalhar. ele: ok. pode ser.
saber esperar é um ato maduro. paciência. pensei.
quarta-feira, mesma coisa. telefone me acorda: podemos levar a lavadora aí às 10:30? eu: não, meu senhor, só se for até às 9, caso contrário, não terá ninguém em casa. ele: ah, então só no sábado.... eu: mas meu senhor, no sábado teve um homem aqui, blá, blá, blá.....
fica para o próximo sábado então. certo.
madura é a vovozinha. que saco. pensei.
chego em casa nesse mesmo dia e encontro um recadinho da loja: estivemos aqui, você não estava. ligue para nós.
humpf.
no dia seguinte, ligo. fico meia hora gastando meu péssimo francês (e ainda pagando a ligação) explicando toooda a função. quem já tinha vindo, quando, para quê. e a cada hora me passavam para um atendente diferente. no final das contas, com os meus créditos quase acabando, me passam para um homem: minha senhora, como a máquina não cabe no elevador, e a senhora mora no quinto andar, e nós levamos pela escada APENAS ATÉ O TERCEIRO ANDAR, a senhora vai ter que pagar o aluguel de um elevador externo de mudanças. custa 90 euros. eu: não, moço (cê tá louco?, penso), então, seguinte, esquece tudo isso e me dá meu dinheiro de volta. ele: não posso, a senhora pagou e assinou a fatura, isso é um contrato de compra, não posso dar o dinheiro de volta. eu: como não? ele: não. eu: por que não? ele: porque não.
filhos daquela puuuuuuu**. pensei.
e dessa vez quase falei. juro.
mas se vocês pensam que a novela acabou por aí, rá, estão muito enganados.
na sexta-feira seguinte, acordo com o telefone tocando: bom dia, temos aqui um lavadora de roupa para entregar no seu endereço. podemos levá-la hoje, às 10 horas? eu, com sono, muito sono: não, minha senhora. eu moro no quinto andar, no elevador não cabe a lavadora e eu não vou pagar 90 euros pelo elevador externo. ainda estou decidindo o que vou fazer, se vou carregar do terceiro ao quinto andar em mesma, ou se vou trocar o valor da lavadora por um outro eletro-doméstico beeem mais leve e que caiba no elevador. ela: ok, obrigada, passar bem.
cinco minutos depois, telefone novamente: mas a gente pode mandar o elevador externo até aí, hein? é pegar ou largar. eu, colocando as pantufas: vou ter que pagar por ele? ela: sim. eu, já perdendo a última gota de paciência e maturidade: não, obrigada.
dez minutos depois, toca o interfone. eu, fazendo o café, digo para o piero atender que não aguento mais falar essas mesmas palavras em francês.
segundos mais tarde piero me chama: ticaaaaaa. eu: o que foi? ele: o homem com o elevadorzinho externo de mudanças chegou.
Ó DEUS, MEU DEUS, MEU DEUZINHO, SALVE-ME DO MUNDO DOS PRODUTOS E PRESTADORES DE SERVIÇOS BELGAS POR FAVOR. pensei.

moral da história 1: nunca, nunca, nunca, mas nunca mais na vida ponho os pés nessa maldita loja. depois de trocar o meu dinheiro pelo bem mais leve dessa espelunca.

moral da história 2: sigo lavando as roupas na lavanderia aqui perto de casa.