1.8.06

Eu juro que tento negar, mas viver aqui está me tornando racista

Caso belga #1
Um amigo meu (e é verdade porque a gente jantou juntos naquele dia, e ele passou toda a noite com cara de "eu não posso acreditar nisso!") alugou um carro em Bruxelas para fazer uma viagem pela França. Ele alugou o carro por uma semana, ou seja, sete dias, porque era mais barato do que alugar por apenas cinco dias. Beleza. Meu amigo pegou o carro na quinta-feira e teria que devolvê-lo na quarta-feira seguinte. Perfeito. Acontece que a viagem dele pela França terminou na segunda-feira pela tarde, assim, na terça-feira pela manhã, antes de ir trabalhar, ele levou o carro de volta à loja. Meu amigo não queria o dinheiro de um dia de aluguel de volta, ele queria apenas entregar o carro um dia antes, pois não o usaria mais até o dia seguinte. Ao entregar as chaves ao atendente, o sujeito lhe entrega um papel para assinar e uma conta a pagar:
- o senhor terá que nos pagar 100 Euros porque está rompendo o contrato.
- eu acho que o senhor não entendeu, eu não preciso mais do carro, entrego ele, mas não me importo de pagar pelos sete dias. Eu abro mão do último dia de aluguel, pode ir adiante, pode alugar para outra pessoa, eu não importo.
- isso mesmo, porque o senhor está entregando o carro um dia antes, e não no dia que estabelece o contrato, isso significa uma quebra do contrato, então o senhor tem que pagar 100 Euros.
Meu amigo então estaciona o carro na frente da loja, leva a chave para casa e volta lá no dia seguinte, para formalmente entregá-la.

Caso belga #2 (se não fosse comigo eu não teria acreditado)
Eu e o Piero compramos uma passagem da American Airlines para ir para o Brasil em dezembro. Como o vôo exige que troquemos de avião em NYC, decidimos passar três dias lá antes de desembarcar em São Paulo. Embalada no momento, pergunto para o carinha da agência se ele tem boas ofertas de hotéis em NYC. Claro que ele tem. Nos mostra várias fotos de vários hotéis e nos indica o melhor pelo preço mais "justo", de acordo com ele mesmo. Localizado bem no meio de Manhattan, aparência simpática, café da manhã completo, preço salgado, mas não enlouquecedor. Ok, vamos reservar nesse aqui. Temos até novembro para pagar o hotel através da agência.
Dias depois, olhando outros hotéis na internet, descubro que o preço do NOSSO hotel é na verdade a METADE do preço apresentado pela agência. Ligo para a agência ligeiramente confusa e ouço:
- mas é claro, a senhora acha que a gente trabalha de graça? a gente coloca o nosso preço, é como se a senhora fosse comprar um shampoo no supermercado: sempre vai pagar o valor agregado ao produto, não o preço do produto saindo da fábrica.
(Hummmm, agora vai explicar para um belga a diferença de produto e serviço, penso)
Além disso, descubro que para cancelar a reserva, teríamos que pagar 100 Euros à agência (o que ainda assim tornaria a reserva diretamente feita com o hotel mais barata!). Agora, faz sentido isso?

Caso belga #3
Minha Máquina de Lavar Roupas - a novela

Caso belga #4
Instalo internet à cabo em casa. Depois de dois meses, descubro que tenho que me mudar para Londres - e uma das cláusulas para o cancelamento do contrato de um ano da internet era justamente essa. Vou até a loja da internet à cabo para me informar o que eu tenho que fazer para cancelar tudo:
- nada, a senhora deve apenas nos trazer o modem até a loja e cancelar o pagamento mensal através da sua conta bancária.
Beleza, ingenuamente penso.
Depois de dois meses uma mega conta de 550 Euros chega lá em casa: multa por quebra de contrato antes do prazo de um ano.
Penso: mando a cagar ou mando a cagar? Assim, formalmente residindo em Londres atualmente, mando a cagar a tal empresa uma vez por mês desde então.

Um comentário:

Anônimo disse...

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