5.3.07

E agora, Carolina?

Esses dias, eu não lembro se eu tava na cama esperando para adormecer ou no banho ou correndo no parque ou no escritório não fazendo o que tinha que fazer, me dei conta de que, fazendo alguns descontos com bom senso, a minha vida é exatamente como eu torcia para que ela fosse uns 10 anos atrás.

Uns 10 anos atrás eu comecei a trabalhar como jornalista. Tá, era na Rádio Ipanema, então era quase como se fosse um trabalho de grupo para a faculdade - e o rancho que eles nos davam todos os meses ultrapassava o valor que me pagavam pelo estágio. Fun times. Naquela época as minhas grandes aspirações na vida eram: em breve poder pagar as minhas contas, ser independente, sair de casa, ter alta na análise, aprender outras línguas, passar um tempo fora do Brasil, escrever, escrever, escrever, emagrecer, ter um carro com ar condicionado e cd, fazer do Brasil um país melhor, parar de me apaixonar uma vez por semana e viver um grande amor, comprar todos os cds do mundo, e acho que desesperadamente ir para a cama com alguma estrela pop, não lembro se era mais pro lado do Steven Tyler do Aerosmith ou um magrão alto que cantava numa bandinha de reggae na Ferrugem. Pensando melhor, espero que meu gosto sexual tenha evoluido para o bem da espécie humana.

Então fiz uma retrospectiva mental: eu tive um carro com ar condicionado e cd que eu vendi antes de embarcar para Roma sem saber bem o que eu estava fazendo, com alguns dos meus muitos cds na mala. Eu aprendi pelo menos duas novas línguas e meia desde então. Aliás, eu até comecei a esquecer o bom e velho português, o que eu nunca pensei que poderia acontecer. Eu tenho um emprego legal e mesmo quando eu não tinha, eu pagava as minhas contas mesmo assim. Fiquei independente e descobri que esse é praticamente um caminho sem volta. Uma vez que os pais deixam de contar a tua mesada nos gastos mensais fica difícil lembrá-los porque tu absolutamente pre-ci-sa de uns 300 contos para comprar um par de sapatos, uma bolsa um cd e um colar lindo. Eu estou orgulhosa em dizer que jamais iria para a cama com o Steven Tyler e provavelmente nem com o magrão do reggae (sinal de que os 30 se aproximam em velocidade máxima), não tenho me apaixonado uma vez por semana há tempos e, bom, tive coragem de abrir mão de algumas coisas para apostar num grande amor. My bad: eu continuo querendo fazer alguma coisa para melhorar o Brasil, mas isso deve passar com o tempo, talvez com os 40, quem sabe?

E aí, antes de voltar ao que eu estava fazendo, me pergunto, serão os pré-trinta anos de balanço? O que eu queria ser, o que eu sou, para onde me encaminho? Tô meio velha para não saber de onde viemos e muito nova para perguntar (que dirá para responder) para onde vamos!
Se é verdade que tudo o que eu queria atingir 10 anos atrás eu atingi, melhor pensar bem, muito bem antes de fazer planos para os 40. Vou ter que voltar a esse assunto... mas já vou adiantando que um milhão de dólares na conta corrente ia ajudar.

3 comentários:

Unknown disse...

Coisa boa, Tiquitita. Balanços são sempre bons. Positivos, melhores ainda :-)

Anônimo disse...

Bah, o estágio na Ipanema era muito engraçado mesmo! Lembra da gente catando em lojas do Centro tecidos pro cenário do programa de TV?! Tempo bom q não volta nunca mais...

Bj, Flávia Cunha

Anônimo disse...

Bah, o estágio na Ipanema era muito engraçado mesmo! Lembra da gente catando em lojas do Centro tecidos pro cenário do programa de TV?! Tempo bom q não volta nunca mais...

Bj, Flávia Cunha