9.6.05

eu tenho muito medo de morrer. tenho tanto medo, que o simples fato de escrever isso aqui, supersticiosamente me apavora. dá um medo dessas coisas que acontecem toda a hora, mas que, quando envolvem a morte, parecem sinais. tipo quando um conhecido meu, que às vezes usava aquela frase boba "eu vim ao mundo a passeio", morreu aos 16 anos. e eu odeio sinais. e superstições. mas, sobretudo, eu odeio a morte.

odeio saber que todos nós um dia vamos morrer. odeio saber que vou ter que enterrar um dia as pessoas que eu mais amo. odeio já ter enterrado algumas. odeio o fato de sermos enterrados quando mortos, mas odeio ainda mais as gavetinhas nas paredes com as flores de plástico.
tudo relacionado à morte me incomoda muito.
e saber que um dia vai ser a minha vez de ser enterrada, me incomoda ainda mais.

não tenho tanto medo das doenças longas, da morte lenta, nem da morte em si, o momento. temo muito, isso sim, deixar a vida de uma hora para a outra. deixar pessoas. deixar coisas feitas pela metade. o armário bagunçado. o telefone fora do gancho, sei lá.

certamente o meu enorme - exagerado? - medo da morte tem a ver com as minhas perdas. elas foram quase todas... súbitas. de uma hora para a outra. nunca recebi notícias do tipo: estou doente, pode ser que eu morra. não que isso torne a morte menos morta. mas, pensa bem, se as notícias que te deram sempre foram: a margarida (nossa cadelinha quando eu tinha uns 7 anos) não vai mais voltar para casa; o vô de vocês se sentiu mal, chamaram o médico, mas nesse meio tempo ele morreu; eles sofreram um acidente de carro e... a vó morreu; corram pro pronto socorro, o pai desmaiou; tu acaba ficando com uma sensação (real, sorry) de que a vida está aqui, mas logo depois não está mais.

e isso é uma bosta. mas é verdade. é a vida, dizem uns. mas não. é a morte.

e tudo isso para dizer (na esperança de que ao dizer mais isso eu possa começar a sentir menos isso) que o meu medo da morte, conforme os dias passam, só aumenta. crianças e adolescentes não morrem. só em eventos muito, super, ultra fora do normal. adultos, sim, adultos podem morrer. eu virei adulta. e agora me pelo de medo de um dia não virar velha.

vocês também são assim, ou a louca aqui sou eu?

Um comentário:

Anônimo disse...

Where did you find it? Interesting read » »