21.9.05

lai, lalalalalará, fammi godere!

o título do post é uma homenagem ao grande vasco rossi, lenda italiano que atrolhou o estádio de san siro (milão) com milhares de ingressos vendidos em menos de 15 minutos na internet. quem já ouviu entende porque...

babies, tô em londres.
por enquanto só tive tempo de trabalhar, trabalhar, trabalhar, com pequenas pausas para sanduiches e, de vez em quando, passar a camisa ou a calça que vou vestir amanhã.
resumidamente, virei uma funcionária da mídia, com férias pagas + benefis novamente, depois de quatro anos 100% free lance, dona do meu nariz (e com os bolsos dramaticamente vazios).
desdobradamente, seguinte, estou assustada com a burocracia de voltar a ser uma empregada nas estatísticas públicas. a pessoa começa a trabalhar e: tem que preencher papelada da fiRma. tem que fazer a voltinha de apresentação no primeiro dia de fiRma. tem que tirar foto para o crachá. tem que pedir login pra rede, novo e-mail, nova senha para decorar, novo número de telefone, cartões de visita, senhas para cada programa com o qual se trabalha, número de previdência, registro de residência... no meu caso ainda: abrir conta no banco, comprar chip pro celular made in uk, fazer cópia da chave da casa que será minha, fazer ficha no metrô para comprar passagem semanalmente...
passado tudo isso, ainda terei que visitar a embaixada brasileira para me registrar e renovar o passaporte, visitar embaixada italiana para me registrar e renovar passaportO, me registrar no sistema de saúde público inglês....

ai. não dá para tomar uma guiness antes?

e, bom, voltando ao vasco rossi, recomendo de saída as belezuras senza parole, fammi godere e alba chiara. o resto descubram por vocês mesmo porque vale la pena alla grande.

ps: fammi godere!! é uma expressão de exaltante alegria. de euforia. de quando, no meio de uma festa que tu nem queria ir, te vê dançando como um louco, semi-bebum, com os teus grandes amigos, rindo, cantando e dançando, pensas: caralho, eu nem queria vir e, putz, essa é uma das melhores noites dos últimos meses... anos? fammi godere, literalmente, significa, me faça gozar, mas seguida do lai, lalalalalará do vasco, assume quase a forma de um gozo. eu não procurei e nem nunca achei que estaria em londres, trabalhando para a cnbc, deixando para trás a pacata vida de free lance em bruxelles. mas, putz, essa é uma das melhores noites dos últimos meses...? lai, lalalalalará, fammi godere!

13.9.05

da série conversas bizarras que a gente ouve no ônibus
(the koop significa "vende-se" em flamengo, uma das línguas oficiais da bélgica, mas não me perguntem como se pronuncia isso...)

menina para amigo - what's the kup?
amigo para menina - the kup? means nothing...
menina - ahhh, nothing... and what's the word for everything?
amigo - no, it's anything...
ela, com cara de confusa - it's nothing or anything?
amigo, com cara de confuso - it's nothing...
ela, com cara de insistente - ok, fine, so how can I say everything?
ele, perdendo a paciência - I said it's anything...
ela, pensando, com cara de confusa...
ele, finalmente - the kup doesn't mean anything... ah, you mean the kóp...

furo de reportgem
na folha de sp de hoje:
Detectada morte de estrela há 12,8 bilhões de anos

hshshsshhshsssshshshs

12.9.05

sou eu ou tá todo mundo louco, hein?

eu não sei tu, mas eu achei absurdo, ridículo, completamente sem sentido e asqueiroso o fato da itália, frança, alemanha, inglaterra, união européia (representando 25 países) e japão terem mandado dinheiro para os EUA (que apesar do katrina, continua sendo o país mais rico do mundo) para a recuperação e para as vítimas de new orleans.

vai querer me convencer que os estados unidos não conseguiriam pagar pelo menos essa conta sozinhos?

ou eu estou mal informada, e não existem mais dezenas de países miseráveis, com bilhões de pessoas passando fome e morrendo por causa da picada de um mosquito num continente inteiro chamado áfrica?

as vezes assisto ao tele-jornal e não consigo entender nada. mas prefiro acreditar que o problema sou eu. não podem estar errados todos os chefes de governos ricos deste planeta.
ou podem?

7.9.05

entendi
aos dois leitores deste blog, não agradam minhas crônicas castristas, verdad?

5.9.05


internê cubana

os cubanos chamam internet de internê, assim mesmo, com um sotaque quase francês, como todo e qualquer sujeito que fale espanhol. pois muito bem, a internê, em cuba é artigo raro e caro. teoricamente só os turistas podem usar, e mesmo assim, tudo o que se escreve, lê ou pesquisa é "bisoiado" pelos homens de castro. meeeda.
a internê cubada custa 10 centavos de euro por minuto. (só vi internê cara assim no aereoporto de guarulhos, quando me informaram que uma hora de internet café custava 45 reais ao bolso. melhor ler contigo de pé na banca, pensei.)

cubano só pode acessar internê se não tiver cara, nem roupas e nem muito sotaque de cubano. ou se for amigo das meninas do centro internacional da imprensa (foto). e, claro, tem que pagar em PESOS CUBANOS CONVERTIBLES.

acho que esqueci de dizer antes: em cuba existem duas moedas correntes, o peso cubano, moeda nacional, e o peso cubano convertible, moeda para turistas. o primeiro vale 24 vezes menos que o segundo, que vale 1 para 1 com o euro. manobra muito bem aplicada por fidel castro para fazer com que os turistas pagassem toda a conta do embargo norte-americano. pagar com o cartão de crédito, leia-se pagar em dólares, significa pagar 11% a mais do valor da compra. isso mesmo, onze por cento. e pelo menos uma vez durante toda a viagem, o turista vai usar o cartão. sim, colega, a cuba comunista é cara. alugar um carro, por exemplo, não custa menos de 50 dólares por dia.


mas tem ainda o achaque final

quando o turista desavisado está na fila para fazer o check in no aereopuerto, com o seu bronzeado em dia e a mala cheia de roupas sujas, decide usar suas últimas moedinhas de pesos convertibles para comprar a cristal, la preferida de cuba (ou seja, cerveja). normal, né? de que vale levar poderosas moedas cubanas turísticas para casa, melhor embarcar tchuco... eis, porém, que depois do último tim-tim, o turista desavisado, leia-se eu, sofrerá o achaque final sem poder dar um pio, e claro, pagando 11% a mais.


fotonovela
piero compra duas latinhas de cristal. tica, toda boba, antes de ser achacada, brinda alegremente. salud, compañero...

cena 1: tica na alfândega, contente e faceira com o seu bronzeado.
- hola.
- buenas noches, compañera. posso ver a sua passagem.
- pois claro.
- és que falta aqui o carimbo da taxa aereoportuária.
- não, companheiro, paguei a taxa aereoportuária na bélgica, veja, quando comprei a passagem, uns 100 euros foi só para a taxa aereoportuária...
- não, companheira, falta o carimbo do governo cubano. a senhora pode passar ali naquele balcão (ao lado da alfândega) para pagá-la. são 25 pesos convertibles.

cena 2: tica ficando ainda mais vermelha que o bronzeado, discutindo em várias línguas com o companheiro da alfândega. MAS O QUE É ISSO, COMPANHEIRO??

cena 3: tica e piero abatidos, vencidos pelas forças castritas, chamando até a quinta geração do homem de ladrões fdps, se encaminham para o tal balcão do achaque.

cena 4: tica e piero, assim como os outros turistas desavisados, são obrigados a passar o cartão crédito (mais 11%) no banco ao lado do balcão do achaque para retirar 25 euros (por cabeça) para receberem o carimbo que os libera para sair do país.

cena 5: tica volta à alfândega. o compañero abre o passaporte e compara a foto com a tica, que diz em tom insolente, mas não muito porque fica com medo de ser presa:
- soy yo misma, compañero, pero 25 pesos más pobre!

2.9.05

a imagem do calor

em cuba faz calor. muito calor. todos os cachorros que eu vi em havana estavam nesta posição, pelo menos entre 8 e 18 horas. solução? menos de uma hora depois de desembarcar na ilha, a primeira parada obrigatória é La Bodeguita del Medio, na Havana Vieja, onde Hemingway tomava o seu(s) mojitos cotidiano. O melhor é tomar um lá e depois partir para o próximo em algum outro boteco pertinho porque ali a faca crava, em dólares, e nem a menta com limão com rum te farão esquecer.