25.8.06

God bless the queen - it's finally glorious Friday!!

O mês do nosso aniversário é sempre um mês intenso. Os astrólogos sempre dizem isso, mas eu acredito em astrologia da mesma forma que eu acredito em gnomos - com toda a seriedade sempre, é claro!!

Mas deixando de lado astrólogos e gnomos, a verdade é que agosto sempre foi um mês cheio de novidades na minha vida. Quer ver, foi em agosto, nesses últimos 28 anos, que eu: nasci. sofri de amor pela primeira vez. dei meu primeiro beijo. levei meu primeiro pé na bunda. fiz 15 anos. fiz 18 anos. fiz 20 anos. fiz 25 anos. farei 30 anos. me formei jornalista para vergonha total da classe ;) etc...

Foi em agosto também, no dia 23 há exatos dez anos, que meu pai morreu. Este ano, estranhamente, eu quase passei a data batida. No meio de centenas de jornais e documentos burocráticos, os dias pré-holidays foram exaustivamente longos. Não fosse a rápida telefonada da minha mãe, só teria me lembrado do aniversário de morte do meu pai dias depois.

Naquela noite, então, peguei as minhas fotos preferidas da minha família, e fiquei na cama, antes de dormir, mostrando e explicando elas ao Piero. Chorei só quando cheguei na minha foto preferida com o meu pai, uma foto veeeelha, de quando eu tinha uns 5 anos, de pé entre as pernas dele, sendo abraçada e com uma carinha tranquila, enquanto ele assistia ao futebol na tv. A foto é linda, e o bigode do velho super anos 80 na foto dá um ar divertido. Também tem uma outra linda, no Centro George Pompidou em Paris, quando eu tinha uns 8 anos. Eu, sentada lendo um folder super compenetrada, como se estivesse lendo Shakespeare, e o meu pai deitado ao meu lado, fumando um cigarro e me olhando com um sorriso lindo. Prá lá de anos 80 também. Nas duas fotos o meu irmão tá ao lado do meu pai, participando, e eu gosto de acreditar que foi a minha mãe quem bateu as fotos. Adoro elas. Dizem muito sobre meu pai e a minha família.

Eu adoro a atenção que ele sempre nos deu, e como boa filhinha caçula, adoro a atenção carinhosa que meu pai sempre ME deu. Ele me adorava. Eu podia fazer o que eu quisesse, meu nunca ficava brabo comigo por mais de 15 minutos. E eu adorava quando ele me chamava de dotchinho (imitando uma vizinha nossa que quando criança não conseguia falar docinho, e repetia a todo o momento "eu quelo um dotchinho"), ou quando me chamava de passarinho - sei lá de onde ele tirou isso - e de Caroliiiina (porque estava brabo). Também adorava os apelidos que ele dava aos meus namorados: Guabirova e Branquela, por exemplo. Outras vezes ele insistia em chamar os meus namorados pelo mesmo apelido que eu, criando uma cena ridícula tipo servir o prato do meu namoradinho dizendo: Ó, Gatinho, pega a tua massa. Fico pensando como é que o velho Gianfranco ia chamar o Piero...

Mas eu adorava, sobretudo, quando o meu pai me chamava de princesinha. Lembro que quando ele morreu, 10 anos atrás, pensei: que merda, perdi o trono.

22.8.06

O peso e a moda: um relacionamento histérico

A melhor coisa em engordar é depois ter o prazer de emagrecer.
O prazer de se voltar a ser magra, entenda-se bem, porque emagrecer de fato, com tudo o que isso inclui (ou melhor, exclui) é um belo pé onde vocês bem sabem.

A melhor coisa depois de se ter engordado quase dez quilos em um ano (ou melhor, em um fantasticamente excepcional ano em Roma) é voltar ao peso que se estava antes de tudo isso - cinco anos atrás, caros amigos. Linguinis, capellettis, risottos e outras comidas com Ts e Ls duplos entraram sem nenhuma repressão e saíram aos poucos, com muito suor, esteira e maçã.

A melhor coisa de voltar aos meus 54 quilos é sair para comprar roupa nova.
...mas no caminho à glória me dou conta de uma coisa: os estilistas odeiam as mulheres. E a cada ano odeiam mais e mais, com exceção de Katies, Giseles e Danielas, claramente.

Quando tu era criança - e não dava a menor bola para calorias, gorduras insaturadas e afins, as saias eram ligeiramente longuinhas e fofas. Essa moda agora só cabe em "gente da comunicação", como diz o teu irmão, ou em nome de festa - balonê. Aquelas, estavam bem em todas as meninas, sem exceção.

Depois vieram os jeans beggy e semi-beggy, que até a tua mãe ficava contente de usar.
Daí o modelo foi ajustando, ajustando, ajustando, e a cintura foi baixando, baixando, baixando, até mostrar furos posteriores e pêlos anteriores. Forma estranha que assinala as laterais e comprime o rolinho que fica abaixo do umbigo (pelo menos de quem, como eu, sempre insiste em comprar jeans um tamanho menor que o devido).

As saias foram encolhendo, encolhendo, encolhendo. Do joelho passaram às coxas, depois à sobre-coxa, e depois à uma área entre, eles de novo, os pêlos e a coxa (fica claro que além da moda, a depilação também foi um setor premiado nos últimos anos). De volta às mini saias, fomos subindo, subindo, subindo até chegarmos à micro saia. Curtíssimas e justas. Dessas que só ficam bem nos quadris de, voilà, Katies, Giseles e Danielas.

Depois assistimos à chegada das bermudas e shorts para todos os momentos do dia, na praia, na chuva, na fazendo, e, tcharán! na cidade. Mas me diga, tu conhece alguma modelo? Beleza. Além dela, alguém mais da tua lista de amigas fica bem numa bermudinha ou num short urbano? Seja sincero!

Eis que agora, cansados de nos espremerem em jeans e saias e shorts e bermudas de cintura baixa, os estilistas propõem a volta da cintura alta. Aquela. Mas num modelo skinny, que só veste mulheres com com a barriguinha inexistente, durinha e totalmente livre daquele rolinho abaixo do umbigo.

Não me admira que os melhores estilistas de todos os tempos sejam viados!

18.8.06

se eu soubesse disso antes...

tem coisas que eu faço hoje em dia e penso: ah se eu soubesse disso antes, teira sido muito mais divertido. acho que ficar mais velho tem disso, né? a gente aprende a não se estressar com tanta coisa e curtir mais outras coisas.

quando eu comecei a organizar o casamento, por exemplo, estava suuuper estressada, daí a minha mãe me disse que tava tudo errado! pára tudo! com a sua sabedoria indefectível de mãe, ela disse que eu não podia estragar um momento tão gostoso, tinha que aproveitar cada segundo, sem ficar tão impaciente, estressada, tinha que curtir a organização, rir, ter idéias, começar a viver a festa antes dela tomar forma. no início me parecia impossível, mas depois relaxei e - mesmo não tendo nada organizado ainda - comecei a curtir.

aí que eu e o piero decidimos procurar um apê para comprar em bruxelas. sabe como é a lenda, né? quem casa quer...

começamos a olhar os anúncios nos jornais e revistas e começamos a viajar em tudo... queremos uma cozinha grande para poder comprar todos os eletro-domésticos do mundo (máquina de fazer pão, iogurte, triturador, batedeira...), queremos jardim para ter um cachorro, queremos três quartos - para nós, os filhos e os hóspedes, queremos uma sala ampla para os nossos jantares com os amigos, queremos banheira, jardim de inverno, corredor, porta, janela... tudo do jeito que a gente quer e o jeito que a gente quer muda a cada dia, a cada novo anúncio que vemos. e vamos construindo a nossa nova casa dos sonhos a cada dia. sonhar é grátis, né? comprar, não.

esses dias, antes de dormir, olhávamos uma revista e ríamos de chorar: que tal essa? hummm, cinco quartos? não, quarto demais para limpar! e essa? não gosto da cor da parede. e essa de um milhão de euros? ahhh, essa eu acho que não vale a pena, tem só uma garagem (detalhe, eu nem carro tenho!), e aquela ali? hummm, essa aqui parece ok, mas aposto que tem topeira no jardim!

daí que sonhar esse apê e ler os anúncios tá tão divertido que ainda nem tivemos coragem de começar a visitar imobiliárias e as casas a venda. ainda não tá dando para levar a coisa muito a sério, pois estamos nos divertindo horrores com a nossa casa nova sem nem mesmo tê-la encontrado.

nada como crescer...

7.8.06

Papo no Skype com o Piero logo depois do almoço
[13:40:13] Piero diz: amor, tô completamente bêbado... era o aniversário do Bert e ele me fez beber duas pints de cerveja durante o almoço.
[13:40:18] Piero diz: Eu te amo
Carolina pensa: típico
[13:40:42] Carolina Cimenti diz: Bebum!
[13:41:33] Piero diz: Praticamente o working lunch virou um drinking lunch
[13:41:39] Piero diz: Divertido, não?
[13:42:31] Piero diz: agora será um sleepping afternoon

Academia
Preenchendo a ficha da academia - objetivo: Tudo muito simples. Eu quero chegar aos meus trinta mais ou menos como a Madonna se encontra nos seus quarenta.
Salvar. Fechar. Sair do programa.

1.8.06

Eu juro que tento negar, mas viver aqui está me tornando racista

Caso belga #1
Um amigo meu (e é verdade porque a gente jantou juntos naquele dia, e ele passou toda a noite com cara de "eu não posso acreditar nisso!") alugou um carro em Bruxelas para fazer uma viagem pela França. Ele alugou o carro por uma semana, ou seja, sete dias, porque era mais barato do que alugar por apenas cinco dias. Beleza. Meu amigo pegou o carro na quinta-feira e teria que devolvê-lo na quarta-feira seguinte. Perfeito. Acontece que a viagem dele pela França terminou na segunda-feira pela tarde, assim, na terça-feira pela manhã, antes de ir trabalhar, ele levou o carro de volta à loja. Meu amigo não queria o dinheiro de um dia de aluguel de volta, ele queria apenas entregar o carro um dia antes, pois não o usaria mais até o dia seguinte. Ao entregar as chaves ao atendente, o sujeito lhe entrega um papel para assinar e uma conta a pagar:
- o senhor terá que nos pagar 100 Euros porque está rompendo o contrato.
- eu acho que o senhor não entendeu, eu não preciso mais do carro, entrego ele, mas não me importo de pagar pelos sete dias. Eu abro mão do último dia de aluguel, pode ir adiante, pode alugar para outra pessoa, eu não importo.
- isso mesmo, porque o senhor está entregando o carro um dia antes, e não no dia que estabelece o contrato, isso significa uma quebra do contrato, então o senhor tem que pagar 100 Euros.
Meu amigo então estaciona o carro na frente da loja, leva a chave para casa e volta lá no dia seguinte, para formalmente entregá-la.

Caso belga #2 (se não fosse comigo eu não teria acreditado)
Eu e o Piero compramos uma passagem da American Airlines para ir para o Brasil em dezembro. Como o vôo exige que troquemos de avião em NYC, decidimos passar três dias lá antes de desembarcar em São Paulo. Embalada no momento, pergunto para o carinha da agência se ele tem boas ofertas de hotéis em NYC. Claro que ele tem. Nos mostra várias fotos de vários hotéis e nos indica o melhor pelo preço mais "justo", de acordo com ele mesmo. Localizado bem no meio de Manhattan, aparência simpática, café da manhã completo, preço salgado, mas não enlouquecedor. Ok, vamos reservar nesse aqui. Temos até novembro para pagar o hotel através da agência.
Dias depois, olhando outros hotéis na internet, descubro que o preço do NOSSO hotel é na verdade a METADE do preço apresentado pela agência. Ligo para a agência ligeiramente confusa e ouço:
- mas é claro, a senhora acha que a gente trabalha de graça? a gente coloca o nosso preço, é como se a senhora fosse comprar um shampoo no supermercado: sempre vai pagar o valor agregado ao produto, não o preço do produto saindo da fábrica.
(Hummmm, agora vai explicar para um belga a diferença de produto e serviço, penso)
Além disso, descubro que para cancelar a reserva, teríamos que pagar 100 Euros à agência (o que ainda assim tornaria a reserva diretamente feita com o hotel mais barata!). Agora, faz sentido isso?

Caso belga #3
Minha Máquina de Lavar Roupas - a novela

Caso belga #4
Instalo internet à cabo em casa. Depois de dois meses, descubro que tenho que me mudar para Londres - e uma das cláusulas para o cancelamento do contrato de um ano da internet era justamente essa. Vou até a loja da internet à cabo para me informar o que eu tenho que fazer para cancelar tudo:
- nada, a senhora deve apenas nos trazer o modem até a loja e cancelar o pagamento mensal através da sua conta bancária.
Beleza, ingenuamente penso.
Depois de dois meses uma mega conta de 550 Euros chega lá em casa: multa por quebra de contrato antes do prazo de um ano.
Penso: mando a cagar ou mando a cagar? Assim, formalmente residindo em Londres atualmente, mando a cagar a tal empresa uma vez por mês desde então.