Amar é...
Duas amigas minhas que fazem parte daquele seleto grupo que todas as mulheres têm chamado "melhores amigas" passaram por uma situação muita parecida nos últimos dias. Elas começaram a sair com um cara por quem elas não estavam apaixonadas. Numa tentativa de se divertir e vamos ver no que isso vai dar, elas aceitaram ao convite desses homens. Saíram. Se divertiram até mais do que inicialmente pensaram, começaram a sair regularmente com eles. Uma delas chegou inclusive a começar a ir para o trabalho com a camisola e uma calcinha extra na bolsa porque seguidamente acabava dormindo na casa dele.
Um início de namoro, eu penso. E elas também.
Uma ou duas semanas depois, porém, os caras desaparecem. Mudam de ideia. Somem.
Mas antes disso deixam claro para elas: o problema é eles, não elas. Ele ficou confuso, não é bem isso que ele quer, blá blá blá.
Chato isso. Acontece, claro. Mas quando tu não tem mais 18 ou 20 anos, depois de sair algumas vezes com uma pessoa, dormir e acordar com ela, se tu não for um celenterado, tu te dá conta de que a pessoa está embarcando nessa história bem mais do que tu. Então, exatamente por não ser um celenterado e nem um babaca, tu dá a real ou pára de convidá-la para ficar durante a noite ou simplesmente resolve os teus problemas no divã de um psicanalista.
Porque não faz sentido passar vários dias dormindo e acordando com uma pessoa e achando que tu achou o amor da tua vida e logo depois mudar de idéia... Ninguém acha e perde o amor da sua vida em uma semana. Amor da vida leva tempo para ser achado. Mesmo quando é amor fulminante, a gente se apaixona, delira, mas continua com o pé atrás ainda por um tempo até ter certeza que realmente bateu de verdade.
Então por que a gente simplesmente não vai mais devagar antes de errar na matemática e se entregar mais do que devia, ou antes de conquistar mais do que efetivamente queria?
Isso parece impossível atualmente. Exceção válida apenas para casais de quarenta ou cinquenta anos. Quando os dois membros do casal têm essa idade, claramente.
A gente tem tanta opção para tudo atualmente que ser solteiro ou solteira em qualquer idade virou uma coisa natural. Isso é ótimo. Mas o apelo comercial, social e cultural aos solteiros é tanto que parece cada vez mais difícil aceitar que amar e ficar com alguém (de verdade, "para sempre") começa a significar mais abrir mão de outras coisas que efetivamente amar alguém.
É mais ou menos assim que eu me sentia aos 15 anos. Namorar naquela época não significava somente estar bem com uma pessoa, mas também, e em alguns momentos principalmente (no carnaval...) abrir mão de se divertir com muitas outras.
Namorar, gostar e amar sempre implica em uma escolha, e escolhas necessariamente implicam em se abster de pelo menos alguma coisa, se nao muitas... e no fim das contas nos perguntamos, por que eu devo me abster de uma ou muitas coisas para estar
com alguém se ainda nem sei se esse é o alguém que merece a minha abstinência?
E assim, dia após dia, vamos conhecendo uma porcão de alguéns que merecem a nossa atencão, tempo e fluídos corporais, mas que não merecem necessariamente a nossa
abstinência de outros. Não é mais uma questão de escolher estar com alguém, mas sim uma questão de não querer não estar com todos os outros - uma evidente pré-condicão para um relacionamento como costumávamos conhecer.
Às vezes acho que estamos virando polígamos... ou individualistas... ou sós.
27.11.06
Postado por the writer às 4:29 PM 7 comentários
22.11.06
20.11.06
Entre por essa porta agora, me diga que me adora
Você tem meia hora pra mudar a minha vida
Ultimamente tudo o que tu faz é para chegar ao dia 6 de janeiro mais bonita. Mais magra. Com a pele mais lisa. Com menos olheiras. Com mais ânimo. Tu nunca achou que um dia fosse virar a típica noiva em crise... mas hey: here you are!
É até meio embaraçoso. Outra noite tu lavou o cabelo mas não tinha nem vontade de tirar o secador do armarinho do banheiro. Deixou eles secarem colados na cabeça enquanto folheava revistas em cima da cama. Os cabelos secaram e ganharam vida própria, indo um para cada lado e te transformando na medusa em pessoa. Depois, cada vez que tu passava por um espelho pensava que deveria sair correndo para o cabeleireiro mais próximo.
Há meses não tens nem vontade de fazer as mãos ou os pés.
Depois de quase três anos de relacionamento, te transformou numa esposa que passa o aspirador de pó na casa com rolinhos no cabelo e máscara no rosto. E tu ainda nem é uma esposa.
Ontem, enquanto tu pensava na vida e passeava pelo salão do design de Bruxelas, tu te deu conta de uma coisa. O aspecto físico ou as roupas do príncipe piemontês não te interessam tanto assim. Que tu gosta dele sempre, todos os dias, mas de uma maneira global. Pelo que ele pensa, por como ele responde com atenção às tuas perguntas sem sentido. Pelo fato dele cozinhar muito mais vezes em casa do que tu e não reclamar (tanto) por isso. Por ele não dar tanta bola para a tua perene TPM (Tensão Pré-Matrimonial). E tu espera que o amor dele por ti também seja assim, intrínseco.
Em todo o caso, hoje pela manhã tu prendeu o cabelo, passou corretivo e vestiu uma roupa nova. Nunca se sabe, e 6 de janeiro tá aí, né?!
Postado por the writer às 12:12 PM 4 comentários
10.11.06
Feeling home in Rome
É impossível passar por Roma e não se apaixonar. Para mim esta é a cidade mais excitante do mundo. Motivos pessoais ajudam, é claro, mas simplesmente não tem como não se apaixonar por Roma. Nos quase dois anos que morei lá, todas as vezes que eu recebia alguem e "mostrava" a cidade pela primeira vez, era muito previsível. Qualquer um fica de boca aberta diante da beleza das fontanas e piazzas e prédios velhos e caindo aos pedaços mas lindos de morrer. Sem falar nos Fiat cinquecento por toda a cidade. E os mottorinos. E Campo di Fiore. E o Coliseu. E a Via del Corso. E o Tevere. E Trastevere. E a Piazza del Fico. E a comida. E o vinho. E o humor mau-humorado dos romanos... e os romanos... ah os romanos...
Por isso toda a vez que eu volto para Roma, as horas que antecedem o vôo me enchem de energia. É quase como me sinto quando estou para embarcar para o Brasil.
Ahhh che bello... casa. Finalmente vou para casa.
Postado por the writer às 3:53 PM 6 comentários
6.11.06
Ah não, lá vem ela de novo...
Eu sei, eu sei, esse papo de noiva em apuros, acabada e estressada é muito coisinha nhé nhé nhé, né? Mas, putz, tenho que dizer uma coisa sem o menor pudor de me admitir noiva em apuros, acabada e estressada nhé nhé nhé (e nem adianta querer escapar do drama agora que falta tão pouco para virar espousa!): sabe de uma coisa? Decidir casar exige que o cabra seja muito macho mesmo!
Quem casa quer casa, casar não é casaco, blá, blá, blá clichês...
Mas amigo, vai lá casar para ver como é: casar é imensamente assustador. Scary ilustra melhor o sentimento.
Sim, é tudo lindo e delícia, principalmente quando chega na hora de decidir onde vai ser a lua de mel e "o que vamos colocar na lista de presentes?". Mas o cagaço que vem crescendo dentro do estômago conforme os dias vão passando e o casamento de se aproxima é indescritível. E o pior, o estômago grita e não dá nem para comer um chocolate para afagá-lo porque no final da linha tem um vestido branco e milhares de fotos que durarão a vida toda te esperando. Já pensou sair com o braço gorducho naquela baita foto que vai ficar a vida toda em cima do piano na casa da tua mãe?? Hummmm... Scary Berry!
E tu te pergunta: e se não der certo? (como se os três anos que tu passou com a pessoa não contassem nada...). E se no dia seguinte ao casamento eu me apaixonar por outro? Sei lá, pelo porteiro do hotel da lua de mel!! Imagina que drama!! Eu não quero ser essa pessoa que abandonou o marido na lua de mel! E se chover? E se depois de casar ele der tudo como seguro e ficar um chato? E se EU fizer isso?? E se ELE se apaixonar pela garçonete do bar do hotel da lua de mel e me largar no meio da nossa lua de mel? Eu não quero ser essa pessoa abandonada no meio da lua de mel!!! E se no caminho para o altar, na igreja, eu leve um tombão?
Scary Mary Sally!!
Olha, difícil é a vida, vestibular a gente dá um jeito!
Postado por the writer às 10:44 AM 4 comentários