29.11.05

o dia que eu devia ter ficado um milhão de dólares mais rica

tem dias, raros dias, que a vida seria infinitamente mais justa se a gente ganhasse um milhão de dólares por fazer simplesmente o que deveria fazer.
explico.

tem dias, raros dias, que fica tão, mas tão difícil levantar cedo e ir trabalhar, que por realizarmos este ato heróico, deveríamos ficar muuuuito mais ricos. não vale motivos como chefe chato (até porque TODO o chefe é chato de vez em quando, e a gente só fica mais pobre por isso), preguiça, ressaca ou insônia. tem que ser motivo de verdade, daqueles que só acontecem a cada três anos.

eu, por exemplo, estou convencida que eu teria ficado um milhão de dólares mais rica ontem se a vida fosse justa. saí da minha caminha em bruxelas às 5 da manhã de segunda-feira para ir pegar o primeiro trem para londres para trabalhar, enquanto o meu namorado continua em bruxelas e, pior, muito pior, a minha mãezuca, que eu vejo mais ou menos duas vezes por ano, ficou dormindo lá.

chorei de casa até a estação de trem. depois de bruxelas até londres dormi. depois chorei mais um pouquinho até pegar no tranco com um café beeeem doce e CHEIO de chantilly.

mas não é tão mal assim. minha mãe agora tá em barcelona, curtindo umas boas paellas, e na sexta-feira nos vemos de novo em londres para mais um fim de semana juntas. e eu me sinto um milhão de dólares mais pobre.


ps: e o que uma mulher faz quando se sente sem grana, pobre, na beira da rua da amargura? comprinhas, né, ca-la-ro. dessa vez comprei quatro livros, como se pudesse ler tudo ao mesmo tempo... tsc, tsc...

esta aqui era para ser uma súper história legal

mas acabou virando apenas uma história.
era uma vez a tica quando veio para londres em agosto, sem saber onde é que estava se metendo, para uma entrevista de emprego. obviamente a guria estava nervosa, apesar de ficar se repetindo para si mesma: não quero esse emprego, não quero esse emprego, não quero esse emprego...
e a tica, em entrevistas de emprego, tenta parecer naturalmente brilhante, sem ficar engraçadinha, mas com um toque charmoso, meio excêntrico se a oportunidade para tal aparece. isso significa que ela fica tão nervosa tentando parecer brilhante e "diferente", que ela acaba ficando embananada e acaba saindo a tica como ela realmente é, com uns errinhos bobos de inglês, com perguntas boas e medíocres e, modéstia a parte, com muito charme :)
mas eis que a tica teve vontade de fazer xixi. e depois do xixi foi lavar a mão, passou o sabão líquido do banheiro chiquérrimo na mão e, impressionada com as portas do banheiro chiquérrimo, não notou que o seu anel novo (não o do casamento, mas aquela ráplica de anel da antiga macedônia, que ela comprou numa lojinha de antiguidades) escorreu pelo ralo!!
OH MY GOD, E AGORA??!!!
então a tica enfiou um dedo no ralo, e nada de anel. dois dedos, e nada. tentou com uma caneta. nada. enfiou até a o fio do secador que ela, por acaso, carregava na bolsa... e nada.
f*deu. perdi meu anel, pensou a futura contratada da CNBC Europe.
até que ela se deu conta que, no vano da pia tinha uma daquelas dobras que servem justamente para reterem os objetos que entram no ralo sem querer, evitando que os canos entupam toda a hora que um mané perde uma réplica de anel da antiga macedônia.
- beleza. é um jogo. se eu conseguir o emprego, terei meu anel de volta um dia. se não conseguir o emprego, perdi o anel porque eu que não vou fazer uma bagunça aqui para pegarem meu anel a essas alturas da entrevista...

um mês depois disso, a tica começou a trabalhar na firrma. dois meses depois, se lembrou de falar com o kevin - o responsável pelo bom andamento das coisas administrativas do escritório - sobre o tal do anel. o kevin, sempre muito solícito, mandou imediatamente o hidráulico do prédio (eu não disse que o banheiro era chique??) desatarrachar os canos para tentar achar o anel da tica. o hidráulico fez tudo certinho, mas e quem disse que o anel ainda tava ali? deve estar no fundo do tâmisa a uma hora dessas... e eu que não vou lá buscar!

16.11.05

agora sério.
comprei uma webcam para mim e o piero comprou uma para ele. assim nos vemos todas as noites. ó, que romântico. mas brabo mesmo é quando o meu irmão ou um primo me chamam para um videopapo.... e estão sem camisa por causa do mega calor que faz do lado de lá do mundo. londres, hoje, 4 graus célcius. humpf.

estava pensando. londres é tão, mas tão cara, que eu, logo eu que em uma mesa de bar com uns colegas de trabalho (comendo sanduíche entre uma hora de trabalho e outra) jurei morte à real life tv começo a considerar mostrar a minha vida pela internet ao vivo através da webcam. coloque aqui o seu número de cartão de crédito, data de vencimento e os três numerozinhos aqueles de trás... e entre o mundo de carolina in london... mas será que se eu desligá-la nos momentos picantes, ainda assim defendo uns trocados?

duvido.
sério. seríssimo.

a notícia: Danielle Winits vai à praia
na capa do uol

de repente sou eu que tô na tpm, mas e a gente ainda tem que chamar de colega?

14.11.05

O que vocês acham??

10.11.05

The two sides of a same coin!
O troço mais chato dessa vida na ponte aérea UK/Europa continental é não poder fazer compras substanciais no supermercado porque nunca fico aqui mais de cinco dias, e, portanto, ter que ir ao supermercado várias vezes em poucos dias.

O troço mais legal de ir ao supermercado várias vezes por semana em Londres é passar pela prateleira das comidas que estão para vencer amanhã e comprar sempre tudo pela metade do preço.

Esse lance das comidas que estão perto do vencimento ficarem mais baratas é muito tradicional na Inglaterra. Tem milhares de imigrantes que comem praticamente só esses pratos prontos com descontos. Com sorte, neguinho acha lasanha para duas pessoas por 1 Libra!! Uma vez, discutindo sobre o liberalismo com o meu irmão, usei um dos melhores argumentos que me ocorreu na hora:
- sim, a Inglaterra é liberal, mas na verdade, na verdade, seus cidadãos vivem extremamente protegidos, numa espécie de comunismo capitalista... ninguém passa fome num lugar onde se pode comprar lasanhas por um Pound!

Lembro que na hora fiquei meu espantada com a minha argumentação.

2.11.05

sobre estar longe
esses dias, no trem, voltando de um fim de semana em casa, pensei que a sensação que me dá ao voltar para londres, deixando o piero em bruxelas, é a de segurar a respiração. parece que fico sem oxigênio durante a semana e só volto a respirar nos finais de semana, quando nos vemos. e escrever para ele (e para mim) é como subir à superfície para pegar um pouco de ar. achei que a metáfora tinha ficado bonitinha.

caroláina who, cara pálida?

eu passei a vida inteira soletrando o meu sobrenome, até que quando cheguei na itália descobri que bastava falar claramente que qualquer mané entendia... levei um tempo para me acostumar com isso, mas depois que acostumei, gostei.

na inglaterra, on the other hand, não só soletro meu sobrenome, como o meu nome também. e acabo tendo que aceitar quando me chamam de caroláina, once in a while. mas a lista cresce a cada dia: já fui catalina, catarina, camomila, carmolaina, carol, catrina....