28.5.04

notícia maravilhosa:
hoje (sexta-feira) é a inauguraçao do buteco do Sandrinho, que chama BONGÔ e que fica na João Alfredo, 471, Porto Alegre.
IMPERDÍVEL. entenderam?

roubei do tiao escancaradamente
Porque achei tri bonitinho e porque ele me ligou hoje de manha e ficamos meia hora batendo papo sobre a vida alheia e a nossa no maior relax.

Nao há palavra mais careta do que "careta".
Nao há palavra menos bacana do que "bacana".
E "tira", que só significa guarda, policial, no cinema!
Nunca foi pronunciada com este sentido senao por um dublador.
Só em telejornal "cerca" nao divide territórios, mas disfarça o fato de nós, jornalistas, nao sabermos ao certo um número qualquer.
"Ei, psiu!" eu só ouvi da boca de um colega do País de Galles, que aprendeu a falar português lendo gibis.
Na vida real e na linguagem natural, ninguém é "derrotado"; todo mundo perde.


o mais legal seria roubar esse texto, escrever "Luiz Fernando Verissimo" ou "Martha Medeiros" embaixo e começar a mandar por aí por email. só para receber de volta, daqui um mês, o mesmo texto, mas com umas dez linhas a mais pessimamente escritas e assinado: "Mario Quintana", vai dizer?

ps: só para deixar beeeeeeem claro, roubei sim, mas o texto é do SEBASTIAO RIBEIRO!

27.5.04

festival de guerras

eu tenho o maior respeito por repórteres que cobrem guerras. nao tem como nao ter, né? neguinho se mete no fogo cruzado para nos manter informados. no mínimo temos que reconhecer que é um(a) jornalista com culhoes.

ao mesmo tempo, eu tenho um certo desprezo por esse tipo de encantamento, essa aura de super-repórter que envolve a cobertura de guerra. como se cobrir uma guerra fosse um prêmio. come se ver a guerra de perto fosse um privilégio.
me incomoda isso.

guerra, para mim, é a invensao mais escabrosa e medonha, triste e humilhante do ser humano. quando todos os valores se transformam, e a saúde ou a vida de uma (ou milhares) de crianças e adultos viram um centímetro perto dos quilômetros de importância que tem aquilo que se busca. seja lá o que quer que se busque.

todas as instituiçoes que trabalham em guerras, cruz vermelha, médicos sem fronteiras, onu, afirmam que nas guerras atuais, pós-segunda-guerra, pelo menos 85% dos mortos sao civis. ataques cirúrgicos, bombas inteligentes. nao importa. de cada 100 que morrem, ao menos 85 sao gente que trabalha no boteco da esquina, na banca de jornais ou varrendo o chao. apenas 15 sao militares. estranho, nao?

por isso me embrulha o estômago quando vejo repórteres felizes, contando que estiveram no iraque, ou que estao embarcando para o afeganistao. dá uma sensaçao de que fazem parte total desta inversao de valores.

ontem comprei um livro chamado JE VOULAIS VOIR LA GUERRE, da fotógrafa francesa Isabel Ellsen: "Un jour, j'ai tout quitté pour devenir photographe, photographe de guerre. J'ai laissé ma famille, mes amis, mes convictions, mon appartement douillet pour chausser des rangers, porter quinze kilos de matériel sur l'épaule,courir sous les bombardements et dormir sous les abris. Dormir sans jamais vraiment dormir. La peur vissée au ventre, le boitier à porté de la main, l'index sur le déclencheur... J'ai froid, j'ai chaud, j'ai faim, j'ai peur, je suis sale. Fallait pas y aller, fallait pas. J'y suis retournée. Toujours et tout le temps. Et j'ai aimé ça. On peut bien me demander pourquoi. Pourquoi la guerre, la violence, la misère, l'abandon ?... Pourquoi ces photos-là et pas les autres ? J'ai voulu apprendre à aimer la vie. C'est fait..."

olha só, tava pensando.
eu nao tenho mais chefe, emprego, horário, essas coisas. mas para alguém que tem, blog pode vir a ser um problema, nao? neguinho dá uma desculpa furada qualquer um dia e depois se entrega lá no blog, que foi numa festa, bebeu todas, se acabou e até ficou de cama no outro dia.

eu tinha um chefe, na gazeta mercantil, que dizia que faltar trabalho por causa de caganeira era JUSTA CAUSA. nunca esqueci.

26.5.04

cenário: maior auditório da universidade, mais de 100 alunos fazendo a prova de teorias das relaçoes internacionais do professor mais temido do campus, barulho de papel e do ponteiro do relógio que "contava" as duas horas para preencher as duas folhas do exame.
tica: "o time estava tranquí-lo (sabem aquela entonaçao jogador de futeból depois da partida?), havíamos estudado como nún-ca, estávamos prepará-dos, tínhamos lido TODOS os livros requisitá-dos (ôpa, acho que essa palavra é meio demás para o boleiro...), enfim, comigo ou sem migo esperávamos um bom resultado, o técnico estava confiante". Nao, sério mesmo, nos minutos que antecederam aquela prova eu sabia TUDO sobre as teorias das relaçoes internacionais. Kaplan, Wallerstein, Waltz, Nye, Keohane, Kant, Russeau. TUDO.
primeira pergunta: "Aplique o neo-realismo de Kenneth Waltz na crise em curso na península coreana". neo-realismo, pssss, barbáááda. mas, sinto muito, CHE CAZZO de crise na PENÍNSULA coreana??

fui de armamentos nucleares, mas algo me dizia que a nossa heroína estava enganada.
bosta.

24.5.04

aqui na entrada do parlamento europeu
nao na entrada chique, naquela pelos fundos (para quem vem da place du luxembourg, onde tem uma construçao enorme, e tem uma passarela sobre a construçao) tem invariavelmente duas ou três pessoas paradas pedindo dinheiro. eles sao sempre os mesmos, mas devem ter uma espécie de horário rotativo, pois sao sempre diferentes, dependendo do horário. quando eu entro, tem sempre a senhora cigana (deve ser romena). as vezes ela tem ramalhetes de mimosas amarelas para "vender", as vezes nao. ela fica sentada no chao, com um copo de papel na frente, dizendo bom dia para todo mundo que passa. quase ninguém responde. uma vez vi que ela estava alongando a saia do vestido para esconder as unhas dos pés pintadas de vermelho.
às vezes tem também um cabeludo alto, de pé, tocando violao mais à frente. ele canta em inglês, mas tem um sotaque fortíssimo. deve ser do leste também.
de tarde, quando vou embora cedo, tem um carinha de óculos, cabelos imundos e cachorro preto, belga (o carinha, nao o cachorro...), pedindo moedas com o copinho de papel na mao (o mesmo?) e fazendo gracinhas. às vezes nao entendo o que ele fala. de qualquer forma, nao respondo jamais. quando ele cansa, senta no degrau e fala menos.
mais tarde, tem um senhor de cabelos compridos e barba ainda mais comprida (com cara de duende, sabe comé?). ele nao diz nada. só fica ali, copinho na mao, cara de john lennon passado. deve ter uns 45 anos. dele até que me dá pena.
sempre olho para os (o?) copinhos de plástico. às vezes eles têm mais dinheiro ali dentro do que eu fiz no dia. nunca contribuo.

meu negócio é prática, nao teoria.
sofro em ficar presa aos livros lendo sobre política escrita por gente que nao a faz. e daí que nao fui no cinema sujo e pequeno onde está passando amores perros lá perto de casa. ele, como deveria, fica numa pracinha meio abandonada, um lugar meio macabro, estranho. o mais estranho é que eu adoro aquele cinema. ali só passam quatro filmes, sempre os mesmos e nos mesmos horários. a programaçao muda a cada seis meses, mais ou menos. atualmente é amores perros, 20:40, central do brasil, 19:00, corra lola, corra, 19:00 (tem duas salas) e los lunes al sol, 21:10. já vi todos, anos atrás, menos amores perros. mas terça-feira, exatamente depois que a prova de teoria das rel. internacionais acabar, vou. pode deixar. o cinema se chama styx. assim mesmo, difícil de ler. e é um lixo. parece um pouco uma miniatura do baltimore nos seus últimos meses. deve ser por isso que eu o adoro.

posso dizer um absurdo?
eu adoro engenheiros do hawaii.

kdrsnczjegflxauegnflua.

eles me fazem lembrar aqueles primeiros anos de mtv em porto alegre, quando eu chegava do colégio e ficava assistindo tv com o meu irmao, em geral depois de ter uma discussao idiota sobre quem ficaria com o controle remoto na mao, ou se assistiríamos a tele-ritmo (!!) ou mtv (confesso que às vezes queria ver tele-ritmo). e a gente ficava alí, na sala, deitados nos sofás, absorvidos pelos clipes imundos do início dos anos 90, esperando a mae e o pai chegarem para jantarmos. sinto muito, se engenheiros me faz relembrar tudo isso - e faz - eu vou continuar os adorando.

ok. massacrem-me.

bom cinema
filme excelente, na minha modesta opiniao, significa desligar durante duas horas da realidade e VIVER uma nova realidade, desconhecida, criada por alguém, e paga por ti para entrar. significa nao sentir os minutos passando, nao lembrar quem está sentado do teu lado. significa ter que ACORDAR quando acaba o filme. devagarinho, enquanto vao subindo as letrinhas. e ter aquela sensaçao estranha de sair da sala e ver que ainda é dia, porque tu viveu um outro tempo, um outro ligar, e de repente VOLTA para a TUA vida. LA MALA EDUCACIÓN, o novo do ALMODÓVAR, é assim. filme excelente. uma aula de cinema.
é por isso que eu continuo achando o tarantino mezza-boca.

21.5.04

E o Parreira? Achando empate bom resultado..
Tem coisas que nunca vao mudar. Tsc tsc.

A Ironia da Vida - parte I

Morre de ataque cardíaco o presidente do McDonald's. Segundo a McDonald's, Cantalupo, de 60 anos, sentiu-se mal durante uma reunião com donos de franquias da marca em Orlando, na Flórida.

Poderia ser mais irônico, poderia ser o presidente da Phillip Morris. Nada é perfeito.

ps: boa e má notícia - parei de fumar.

19.5.04

Da correspondência pessoal para amigas de longa data:

"No mais, deixa eu ver, tô cozinhando cada vez melhor (o que também nao quer dizer tanto assim), ficando cada vez mais de saco cheio de cobrir mercado internacional, Mercosul e UE, louca para mudar de novo de cidade, mas aceitando o que a vida tem me dado e procurando casa aqui mesmo, em BX, onde pelo menos agora começou a fazer mais calor e menos chuva.

Acho que é isso. Tô tentando ficar um pouco mais zen nessa vida estranha, a aceitar mais as coisas como elas sao e brigar menos com o mundo. Nao sei se isso é bom ou ruim, mas acho que certamente é sinal de que estou ficando velha. Pelo menos nunca fui de pegar muito sol entao as rugas ainda nao tao aparecendo, e os cabelos brancos que nao ousem sair para fora porque estou aprendendo a aceitar as coisas como elas sao, mas tudo tem limite!"

che schiffo!!
tem uma mina comendo pizza de vermes aqui! juro que meio minuto depois de ver a imagem, incrédula, me deu vontade de vomitar..
e aqui tem uma foto muuuito astral de NYC, babe!

ps: minha TPM passou também, Cássia, ufa!

18.5.04

a fila tem que andar..
uma amiga que tava "vendo" um carinha com quem trabalha - que nos finais de semana "tem" namorada - botou o mané na parede, ouviu a mesma ladaínha e depois decidiu dar o pézaço no zezinho. se é que se pode dar o pé num sujeito que dorme contigo, mas que "tem" namorada. fez bem, aliás, já devia ter feito antes. mas enfim. e na euforia pós-pé, aquela mesma que antecede a depressaozinha pós-pé, soltou, por email, para as amigas fortunadas: "nao tava dando mais. eu sou muito mulher para esse meio homem". gloriosa frase. tim maia já disse, camarao que fica parado a onda leva, quem espera muito, vira poste. nao deve ser exatamente assim, nem deve ter sido o tim maia, mas who cares?!

vocês também, de vez em quando, se sentem angustiados e confusos, achando que a vida de vocês nunca vai se acertar financeiramente?
Vocês também, por acaso, têm dias espetaculares, em que parece que "agora vai", e, pouco tempo depois, dias duros, cheios de incertezas?
Vocês também, eventualmente, se acham ricos, felizes, e momentos depois, se vêem sem um puto no bolso e quase tristes?
Ou sou eu que sou louca e tô precisando começar a acreditar na força dos remédios?

17.5.04

problemas reais
eu noto que tem gente que tem tao pouco problema de verdade na vida (leia-se saúde e dinheiro), que acaba se enrolando feio em problemas muito mais fáceis de resolver. relacionamentos, o que fazer da vida, o que vestir essa noite?
acho que para gente que nao tem problemas de verdade, gente que nao se preocupa com as contas, com a fatura do cartao de crédito ou com o desejo de comprar aquele livro novo, mas nao dá porque tá fora da faixa pensável gastável deste mês, gente que pode praticamente tudo porque nao precisa olhar o preço antes de desejar, essa gente acaba sofrendo na vida. de outros males, nao o mal do desejo nao suprido. sofrem do mal de simplesmente nunca ficarem satisfeitos com olhos brilhando e loucos de contentes quando, finalmente, compram esse livro, por exemplo. sofrem do mal de, por exemplo, nunca se darem conta do quanto a vida é simples, do quanto o sapato novo, a bolsa D&G e até mesmo o livro esse sao bobagens. bobagens que, por alguns instantes, nos fazem felizes, mas que sao realmente e verdadeiramente bobagens. que para ser feliz, para viver, basta muito, mas infinitamente muito menos que tudo isso.
é mais chique estar deprimido em um jeep cherokee, nao tenho dúvidas, mas eu fico com a minha alegria de viver e o meu ônibus lotado, obrigada.

mudamos
o astral mudou, a estaçao tá mudando, as opinioes mudaram, o meu humor muda todo o dia.
eu tava precisando de um clima meio anos 70, verde e amarelo, cheio de bolinhas.
eccolo!
espero que tenham gostado.
agora vou à luta colocar os comments para funcionar.

13.5.04

estive na itália... em família... dele
roma por dois fantásticos dias e depois pegamos a estrada para o piemonte. cruzamos meio país em uma tarde. meio país em uma tarde. bom título para um livro. ou nao. se fosse a bélgica seria país inteiro em uma manha. cinzenta. aí sim, seria bem belga. conheci os pais do piero. e agora, quando conto isso para as minhas amigas aqui de bx, elas botam a mao na boca e dizem: entao é sério??
no brasil, eu sempre chamei os pais dos meus namorados de TU, na maior tranquilidade. vocês nao podem imaginar a minha dificuldade para usar o vocabulário formal em italiano (e em português, diga-se de passagem). com a signora giovanna e o signore gianni, tropecei muitas vezes nos verbos. mas enfim, parece que é sério, sim. alguém manda a ambulânica e avisa o hospício, sivuplê. alguém por aqui falou em juntar os trapos. eu nao ouvi nada.

estou soterrada em uma pilha de livros e polígrafos sobre as relaçoes entre a china e o brasil. quando acabar esse trabalhinho, terei que começar a estudar para uma prova de teorias das relaçoes internacionais, dia 25, e depois para uma outra sobre o mercado financeiro internacional, desenvolvimento e relaçoes entre blocos, dia 5 de junho. a minha lista de coisas a fazer é: geléia de morando prometida e deixada para depois; responder emails; responder emails; responder emails; levar as roupas na lavanderia; buscar velhas roupas que já estao na lavanderia (fazendo aniversário); passar o aspirador de pó no tapete; comprar passagem para ir para o brasil em julho ou agosto; responder emails; nao esquecer de comprar laxante para botar na água do professor da prova do dia 25.

6.5.04

Cobertura
Depois de cansar de levar furos do Clovis Rossi da Folha (que resolveu fazer uma parada de alguns meses em Bruxelas), ontem, durante a cobertura das negociações entre o Mercosul e a União Européia aqui em BX, grudei no homem. Sério. Encontrei com ele fazendo portaria no prédio onde acontecem as reuniões. Fui tomar café com ele. Fiquei do lado quando ele falava com um tipo estranho - e de onde ele tava tirando o furo que ia "me dar" no dia seguinte de novo. Táxi, embaixada, táxi, comissão européia. Até na pizzaria fui com o Rossi. Grande cara. Foi um dia cheio, muito trabalho, mas também muita risada com o homem que só me furava. Não me furou. Hoje. Demos praticamente a mesma matéria. Mas que cansaço! Hoje eu resolvi deixar o Rossi me furar. A natureza é mais forte do que eu. Além disso, o cara tem 40 anos de profissão. VINTE e QUATRO anos de Folha. Eu NASCI 25 anos atrás. É mole? Neguinho conhece as fontas que dão os furos desde o início da Rodada de Doha. Rodada de quem?

5.5.04

esse blog tá com problemas, mas nao faço idéia o que seja... será que resolve sozinho? tomara.

tempo
tô com aquele tipo de angústia do tipo que parece que falta ar porque, na verdade, falta é tempo. tenho um trabalho de 20 páginas para entregar no mestrado na semana que vem, que ainda nem comecei. junto a isso, tenho uma viagem marcada para roma de sexta a quarta-feira, quer dizer, menos tempo para o trabalho de 20 páginas que ainda nem comecei. além disso tudo, essa semana tô trabalhando milhoes porque tao rolando reunioes e mais reunioes de diplomatas brasileiros com europeus aqui em bx. e agora acabei de saber que o meu namorado - que está na itália - quer que eu passe na casa dele porque ele esqueceu o sapato que usará no casamento de uma amiga em roma sábado. tô tao atabalhoada que nao sei nem por onde começar. odeio essa sensaçao. brrrrrrrrrrrrrr! quem mandou inventar de fazer mestrado? bem feito!